segunda-feira, 27 de abril de 2009

[27] Ida de emergência ao hospital

Nunca pensei e nunca passaria pela cabeça ter que ir parar ao hospital. E foi precisamente o que me passou pela cabeça, ou melhor o que bateu na minha cabeça para ter que ir parar ao hospital. Malditas tradições britânicas que me lixaram a cabeça desta vez.

Após a hora do almoço e como tradição, foi beber um chá. Sai do meu escritório e dirigi-me à kitchett. Começo a aquecer água e ponho o pacote de chá dentro da chávena. Por coincidência o chá tinha o nome de English Breakfast. Mas ao por o pacote no lixo é que aconteceu tudo. A desgraça tinha começado daquele preciso momento.

Ao por o pacote no lixo, a senhora da limpeza, ou técnica de limpeza como agora se chamam. Tinha acabado de tirar o saco do lixo do caixote do lixo, e colocou tudo num saco maior. Rapaz jovem, delicado e gosta de facilitar as coisas as pessoas (características típicas de um tuga) para ajudar o trabalho, coloca o pacote de chá no saco maior. Mas quando levanto o corpo e a cabeça vai junto (e lógico, senão tinha a cabeça separada do corpo!), bato com a mesma violentamente contra algo de me deixou por segundos, literalmente a ver estrelas. Sem ainda saber o que se estava a passar tento abrir os olhos e é nesse momento que vejo um armário. Tinha acabado de bater na esquina do armário.

Pensei eu que era só um toque e que de mais nada iria acontecer, não e começo a sentir o algo pelo meu pescoço! Ponho a mão e depois vejo o que era...sangue! Pedi ao meu colega mais próximo (e dos poucos de domina bem o inglês), por uma caixa de primeiros socorros. Ainda meio atordoado pela dor, nem me lembro como e que pedia a caixa dos primeiros socorros, se em inglês, se em português, ou numa mistura dos dois. Só sei que fui logo encaminhado para a recepção onde me puseram uma bola de papel gigante para estancar o ferimento. Mas ai já eu estava a começar a vir mais ao de mim, mas a dor não me passava. Lá fomos para o hospital...

Semanas antes tinha conversado com uma amiga minha que não queria ficar doente, porque não sabia se podia confiar num hospital em terras de algures. Isto por experiência pessoal em centros de saúde no interior de Portugal. Médicos bons, mas falta de condições, que por vezes o próprio edifício parecia que tinha resistido a uma guerra. Além disso a barreira linguística e complicadíssima. Por isso e que não queria para ao hospital aqui por nada.

Mas na verdade acabei por ir mesmo para ao hospital. Preparado para ver uma coisa sem condições e de ser recambiado para um hospital melhor na cidade mais próxima, mas não...nada disso. Quando eu entro com o meu colega, que me assistiu desde o inicio, e que iria servir de tradutor naquele momento, vejo um hospital ultra moderno. Tudo novo, limpo, arranjado, com bom ambiente, que só mesmo com o cheiro característico e que o identificava aquele interior como um hospital. Ele tinha me dito a entrada que o hospital era novo e que era um dos melhores da zona, claro que eu mesmo apesar da pancada que tinha dado e encontrar-me ainda atordoado, eu não acreditei no que ele disse. Ele tinha dito a verdade e nunca esperei ver o que vi. Depois do preenchimento da papelada, fui bastante bem tratado. "Um estrangeiro por estes lados, mas que diabo ele faz por aqui?", " um português? Aqui?" Foram algumas das perguntas de devem ter corrido por aquelas cabeças

Passei mais tempo nas salas de assistência, raio-X, cirurgia, e cuidado primários do que na sala de espera. A sala de espera tinha uma coisa que para mim não muito vulgar. Tinha umas mesas no centro e à volta as cadeiras. A mesa era tão alta que era muito boa para jogar as cartas.

Lá me raparam o cabelo naquela parte da cabeça e deram-me um ponto. O único ponto que levei, e ainda para mais sem anestesia. Só o levei por segurança e a anestesia foi por opção do médico que não era necessário levar. Se fossem mais pontos, tinha levado. Mas não levei mais e ainda bem, porque senão o caso era bem pior do que eu tinha imaginado.

Apesar ter sido bem tratado, mandaram -me para casa descansar. Isto foi na quinta-feira, por isso tive um fim-de-semana mais alargado, mas passei o tempo todo a dormir e só sai mesmo de casa, no sábado, para comprar comida e regressar logo, para dormir mais.

Quando regresso na segunda-feira ao trabalho foi quando eu voltei a abrir a mala, além da camisa com sangue ainda lá estar. Estavam também os papéis do hospital. Não e que se tinha enganado no meu nome e no código postal. Os últimos três números que deveriam ser 101, estava escrito LOL....

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