segunda-feira, 27 de abril de 2009

[28] Novo director

Quanto entrei no meu apartamento novo, passados uns dias a minha colega mini-saia, pediu-me se o novo director que ai vinha, daqui a uns meses trabalhar, se podia ver a minha casa. Porque ele estava interessado em ir viver para esta terra, e eu ia embora daqui a uns meses, ele podia ficar com o apartamento caso ele tivesse interessado. Lá vi o apartamento, mas não ficou muito interessado. E só vi durante mais umas horas no escritório.

Precisamente no dia das mentiras, quando vinha em direcção a fábrica, passa por mim um carro de matrícula alemã. Ora não é muito normal um carro estrangeiro por estes lados, excepto carros polacos. Assumi que aquele carro ia para a fábrica. Dito e certo a minha dedução não falhou. Entro no escritório e quase uma hora depois entrava uma colega minha com uns pequenos pães tipo coverts. Como era dia das mentiras tudo era de esperar. Sem ter a mínima noção do que se iria passar, decido ir a cantina comprar uma garrafa de água, mas quando regressei ao escritório apercebi-me que a mesma não estava em condições. A data de validade tinha passado dois meses. Volto para trás. E quando volto para trás sou literalmente barrado pelo director principal. Simplesmente contorno-o e continuo a não perceber o que se iria passar. Estranhamente todos os meus colegas se dirigem apressadamente para o escritório, neste caso para o meu departamento. Tive que voltar para trás com a garrafa fora de validade na mão. Estava o director principal e uma outra pessoa ao lado dele, de igual modo de fato, óculos e com a mesma cor de olhos. Mas estrutura mais baixa, mais velho e com o cabelo branco. Era a apresentação do meu novo director!

Começou o discurso de apresentação e um dos meus colegas queria-me fazer a tradução, na qual eu dispensei, porque estava muito mais interessado na água no que no discurso. Ainda por cima numa língua que eu conheço bastante pouco. Apesar de eu estar na parte final do grupo, porque eu quis, todos os meus colegas pareciam umas estátuas. Tão atentos que eles estavam, nem eu imaginava o porquê. Terminou o discurso, tive que bater palmas como os outros e a continuar a não aperceber nada do assunto. Lá começaram as apresentações individuais e eu junto com o resto da rapaziada do laboratório lá saímos de fininho. Porque eu queria trocar a garrafa de água que estava fora de validade e também porque estava com uma sede desgraçada. Troquei a garrafa de água por uma nova e dentro da validade. Volto como se nada fosse comigo para o escritório. Ainda estava quase todos lá dentro por causa das apresentações formais e a comer os coverts. Nos quais não toquei porque eu estavam mais com sede do que com fome.

Depois disto tudo e já passadas umas duas horas entra ele, com umas pastas e o computador. Ocupa por ocupar um lugar que tinha ficado vago no dia anterior. Ficamos todos a olhar uns para os outros sem saber o que pensar. Claro que eu nem sequer pensava, nem queria saber o que se passava por ali. Mas de repente a minha cabeça, ainda com o ferimento da cabeçada que dei contra o armário começa a estranhar aquela nova personagem que ali estava. Até que de repente na minha cabeça mocada fez-se luz…

O novo director é precisamente a mesma pessoa que esteve no meu apartamento umas semanas antes!

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